18 de Junho: Dia do Orgulho Autista reforça luta por inclusão, respeito e políticas públicas eficazes
O Dia do Orgulho Autista é mais do que uma data no calendário: é um convite à reflexão sobre os desafios enfrentados diariamente pelas pessoas no espectro do autismo e suas famílias. Criada por ativistas autistas em 2005, a data busca reforçar que o autismo não deve ser encarado como uma doença a ser curada, mas sim como uma forma diferente de perceber o mundo — que merece respeito, compreensão e inclusão.
Para muitas famílias, o caminho até o diagnóstico é longo e solitário. A falta de profissionais preparados, o preconceito ainda presente nas escolas e o desconhecimento da sociedade dificultam o acesso a um tratamento adequado. “Ainda existe muita desinformação. Às vezes, o que falta não é amor, mas apoio especializado”, relata Renata Silva, mãe de um adolescente autista. Segundo ela, o suporte psicológico, pedagógico e social continua sendo uma necessidade urgente, especialmente nas regiões mais periféricas.
As políticas públicas voltadas às pessoas autistas no Brasil avançaram nos últimos anos, mas ainda são insuficientes. A Lei Berenice Piana, que estabelece os direitos das pessoas com transtorno do espectro autista, é considerada um marco, mas sua implementação enfrenta entraves em muitas cidades. Faltam profissionais na rede pública, centros de diagnóstico e atendimento especializado, além de campanhas permanentes de conscientização que preparem a sociedade para o convívio respeitoso e inclusivo.
A inclusão escolar é outro desafio central. Apesar de garantida por lei, ela nem sempre acontece de forma efetiva. Faltam adaptações curriculares, formação de professores e mediação adequada nas salas de aula. No mercado de trabalho, o cenário não é diferente: oportunidades existem, mas ainda esbarram no capacitismo e na ausência de ambientes preparados para acolher a diversidade neurológica. “A inclusão não pode ser só no papel”, afirma a psicopedagoga Carla Moura. “Ela precisa ser uma prática diária, construída com escuta e empatia.”
Celebrar o Dia do Orgulho Autista é, portanto, uma forma de reafirmar o direito de existir com dignidade e autenticidade. É reconhecer talentos, valorizar individualidades e, principalmente, exigir que a sociedade caminhe para ser mais justa e acessível a todos. O orgulho autista não é apenas de quem está no espectro, mas também daqueles que lutam por um mundo onde a diferença não seja barreira, e sim potência.