Não eram só tijolo e cimento…

Procurei nos obituáros e não encontrei nenhuma homenagem do prefeito, vereadores, militantes e arquitetos! Não mandaram nem coroa de flores!
Procurei nas páginas policiais e não vi nenhuma menção à lamentável execução que houve no Centro de Caicó em plena luz do dia!
Um símbolo da cidade foi ao chão, humilhado, como se o tempo e sua história fossem metralha.
Para usar uma frase feita, “num país sério”, essa demolição seria impedida a mando de baioneta!
Um casario colorido não é apenas cenário para selfie! Faz parte da identidade de quem viveu ali, da memória que precisa ser preservada para contar aos próximos as páginas feias e bonitas vividas.
Nem sei quem ordenou a matança, mas já o condeno ao purgatório dos ingratos e injustos! Ao mesmo inferno que será povoado pelos que flagelam nossa Amazônia. A metáfora pode ser rasa, mas os efeitos são os mesmos.
O signatário da Escritura tem cúmplice. Deveria ter sido tutelado por quem é eleito.
Claro que o antigo precisa abrir alas para o moderno. Mas este mesmo senso mostra fotografias de soluções arquitetônicas inteligentes que fazem o passado conviver com o arrogante presente, com harmonia, não tolerância (palavra feia!), obrigação, mas por reverência, reconhecimento.
Vizinhos ao casarão morto, contemporâneos seus resistem pela inteligência de seus tutores. Testemunhas da crueldade, devem chorar.
A única nota positiva desta página é que jovens lamentam.
Até quando nossa identidade estará impregnada nas ruas da cidade? A ordem de despejo está à porta!
Façam foto! Pela lógica vigente, em pouco tempo, o próximo passo seria marretar a Matriz de Sant’Ana, a Casa de Pedra! Mesmo componentes de um sítio a ser “preservado”.
Que feio, Prefeitura de Caicó!
O poder de polícia é seu e as manchas do sangue de cada tijolo derrubado ali estão nas mãos de quem finge não ter nada a ver com esse crime.
Para conhecer um pouco sobre a História do casarão:
https://www.juliachavesarq.com/post/o-casar%C3%A3o-ecl%C3%A9tico-demolido