Artista vende escultura invisível por R$ 94 mil e a entrega teria demorado 30 dias

Em 2021, o artista italiano Salvatore Garau provocou intensa repercussão ao vender uma “escultura invisível” em um leilão online realizado pela casa Art-Rite, de Milão. A obra, intitulada Io Sono (Eu Sou), foi arrematada por 15 mil euros, o equivalente a cerca de R$ 94,8 mil em valores atuais. O comprador recebeu apenas um certificado de autenticidade e a orientação de que a peça deveria ocupar um espaço delimitado de 1,5 metro por 1,5 metro, sem qualquer elemento físico visível.
A proposta inusitada dividiu opiniões no mundo da arte e dos leilões. Diante das críticas, Garau afirmou que não se sentia abalado com a controvérsia, comparando-se a “Davi contra Golias” por desafiar conceitos estabelecidos. Segundo ele, a venda de Io Sono representava uma reflexão sobre o valor simbólico do “vazio” e a subjetividade da criação artística.
Em entrevista ao portal italiano Arte Magazine, o artista declarou que a quantia arrecadada era “irrisória”, considerando que o significado da obra ultrapassava qualquer cifra material. “Talvez 15 mil euros pelo vazio tenham um peso maior do que milhões por algo concreto”, observou. Garau ressaltou que sua intenção era questionar a percepção de realidade e a maneira como o público atribui valor à arte contemporânea.
O artista afirmou ainda que planejava “criar” sete esculturas invisíveis e já havia “inaugurado” a terceira delas em Nova York. Para ele, as discussões geradas pela venda apenas reforçaram a força provocativa de sua proposta. “A polêmica mostra a vitalidade que minha obra desperta. No fundo, não fui tão original. Há muito nada sendo vendido por aí, e ninguém se espanta”, comentou Garau.

















