15 de Junho: o compromisso coletivo contra a violência à pessoa idosa
O Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa, celebrado em 15 de junho, vai muito além de uma data no calendário — é um chamado urgente à empatia e ao respeito. No Brasil, onde mais de 30 milhões de pessoas têm 60 anos ou mais, os casos de violência física, psicológica, financeira e institucional contra idosos ainda são uma realidade alarmante. Silenciosa na maioria das vezes, essa violência pode acontecer dentro de casa, em instituições ou até no acesso precário a serviços básicos. Ouvir, acolher e proteger é mais do que um gesto humano — é um dever de todos.
Nos últimos anos, o país avançou em legislações voltadas à proteção da pessoa idosa. O Estatuto do Idoso, criado em 2003, foi um marco legal ao garantir direitos fundamentais à saúde, transporte, moradia e dignidade. Políticas como a Rede Nacional de Proteção à Pessoa Idosa e o fortalecimento dos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) buscam atender esse público com maior eficiência. No entanto, muitas dessas ações ainda esbarram na falta de estrutura e na ausência de formação continuada para os profissionais da ponta, que enfrentam a sobrecarga diária de um sistema subfinanciado.
O envelhecimento da população brasileira é um fenômeno irreversível. Estima-se que, até 2050, mais de 30% dos brasileiros terão acima de 60 anos. Esse dado exige do país não apenas políticas emergenciais, mas uma transformação profunda em como pensamos o envelhecer: com oportunidades, acessibilidade, participação social e respeito à autonomia. Envelhecer não pode ser sinônimo de abandono — precisa ser entendido como uma etapa rica, produtiva e digna da vida humana.
Mais do que números, o 15 de junho nos convida a olhar nos olhos dos nossos idosos — e reconhecer ali não só as marcas do tempo, mas também histórias de luta, afeto e contribuição para o país. Combater a violência contra a pessoa idosa é, portanto, uma tarefa que começa nas relações do dia a dia, mas que precisa ser sustentada por políticas públicas sólidas e pela valorização contínua do envelhecer. Porque o cuidado com os nossos mais velhos revela, no fundo, o tipo de sociedade que escolhemos ser.