26 de novembro de 2025

Cultura

Câmara de Macaíba reconhece comunidade quilombola Capoeiras como patrimônio imaterial

A Câmara Municipal de Macaíba aprovou, em sessão recente, o Projeto de Lei que concede à comunidade rural quilombola Capoeiras o título de patrimônio de natureza imaterial do município. A proposta, apresentada pela presidenta da Casa, vereadora Érika Emídio, marca um avanço na valorização da memória local e reafirma o compromisso do poder público com a preservação das raízes históricas que compõem a identidade macaibense.

O reconhecimento consolida Capoeiras como referência cultural e histórica, ao destacar a importância de suas tradições, modos de vida e expressões que atravessam gerações. A medida também abre caminho para o fortalecimento de políticas públicas voltadas à proteção das comunidades tradicionais e incentiva ações de promoção do turismo histórico, ampliando a visibilidade de práticas que simbolizam resistência e permanência.

A trajetória de Capoeiras, construída pela luta e pela preservação de saberes ancestrais, ganha novo fôlego com o título de patrimônio imaterial. A decisão reforça que salvaguardar a história não se limita ao território físico, mas envolve reconhecer e valorizar os vínculos sociais e culturais que definem a coletividade. Ao oficializar essa importância, Macaíba reafirma seu compromisso com a diversidade e com a proteção das narrativas que formam sua memória social.

Durante a Sessão Solene alusiva ao Dia da Consciência Negra, realizada no dia 19, o secretário municipal de Cultura, Sérgio Nascimento, destacou que a aprovação representa uma conquista histórica para a comunidade. Ele ressaltou a sensibilidade da vereadora Érika Emídio ao propor o projeto e confirmou que o prefeito Emídio Jr deve sancionar a lei nos próximos dias. Segundo o secretário, o título reconhece a luta, a cultura e a resistência de um povo que mantém vivas tradições essenciais para a identidade de Macaíba.

  • Vídeo: Secretário Sérgio Nascimento em discurso na tribuna da Câmara Municipal de Macaíba.

Segurança

Golpe sentimental cresce no ambiente digital e mobiliza Justiça, especialistas e bancos

O avanço dos relacionamentos iniciados pela internet e a profissionalização das táticas de fraude fizeram do estelionato sentimental um fenômeno cada vez mais frequente no país. Embora não exista uma tipificação específica no Código Penal, o Superior Tribunal de Justiça tem reconhecido a prática como ato ilícito capaz de gerar danos morais e materiais. Essa expansão ocorre em um cenário em que aplicativos de namoro permitem a criação de perfis falsos e facilitam a aproximação com vítimas vulneráveis, especialmente mulheres. Levantamento do projeto Era Golpe, Não Era Amor mostra que quatro em cada dez brasileiras já receberam algum tipo de abordagem suspeita ou conhecem alguém que foi alvo de golpistas que se passam por parceiros afetivos.

De acordo com especialistas em segurança digital, esses criminosos costumam construir personagens complexos, muitas vezes com apoio de tecnologias avançadas, para conquistar a confiança de suas vítimas. Histórias emocionais, declarações de afeto e promessas de encontros são usadas para criar laços que justificam pedidos sucessivos de dinheiro. Entre as estratégias mais comuns estão evitar videochamadas, alegar emergências financeiras e até ameaçar terminar o relacionamento caso as solicitações não sejam atendidas. Para Rogério Freitas, diretor-geral para o Brasil da Lynx Tech, a sofisticação dos golpes faz com que ninguém esteja totalmente imune, já que os fraudadores manipulam emoções com grande habilidade.

No campo jurídico, o reconhecimento do estelionato sentimental como ato ilícito tem garantido às vítimas o direito à indenização. O Judiciário avalia que enganar alguém com objetivo financeiro por meio de vínculo afetivo configura violação à boa-fé e causa prejuízos que devem ser reparados. Há ainda projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional que buscam incluir o golpe romântico como crime específico, em resposta ao aumento das ocorrências e ao impacto emocional profundo relatado por quem passa por esse tipo de violência. Especialistas recomendam que a vítima registre boletim de ocorrência, busque apoio psicológico, procure orientação jurídica e compartilhe a situação com pessoas de confiança para reduzir o isolamento.

A ampliação dos casos também acende um alerta no sistema financeiro. Em algumas situações, além de transferir dinheiro, vítimas chegam a fornecer dados bancários aos golpistas. Frente a esse cenário, bancos têm investido em ferramentas que monitoram grandes volumes de informações para detectar movimentações suspeitas, como gastos atípicos e pedidos de empréstimo fora do padrão. Esses sistemas, baseados em análises contínuas e modelos atualizados diariamente, ajudam a identificar sinais de fraude e a proteger clientes que, muitas vezes, só percebem o golpe após prejuízos significativos. A expectativa é que o uso combinado de tecnologia, educação digital e ações preventivas reduza o impacto desse tipo de crime nas relações mediadas pelo ambiente virtual.

Foto: SSP-AM

Saúde

Diretrizes mais rígidas elevam atenção para pressão arterial e colesterol no Brasil

As novas diretrizes de saúde cardiovascular divulgadas recentemente nos Estados Unidos e pela Sociedade Brasileira de Cardiologia reforçam um movimento internacional de maior rigor no controle da pressão arterial e do colesterol. Valores antes considerados aceitáveis passaram a exigir acompanhamento médico mais próximo. A pressão de 12 por 8 deixou de ser vista como totalmente normal e agora se enquadra na categoria de pré-hipertensão, que abrange níveis entre 120 e 139 mmHg de pressão sistólica e entre 80 e 89 mmHg de diastólica. Para pessoas já diagnosticadas com hipertensão, a meta de tratamento foi ajustada para abaixo de 130 por 80 mmHg, medida que busca reduzir riscos de infarto e acidente vascular cerebral, principais causas de morte no país.

No campo do colesterol, as metas tornaram-se mais rígidas e receberam novas classificações de risco. O documento atualizado da Sociedade Brasileira de Cardiologia reduziu os limites do LDL para diversos perfis de pacientes e criou a categoria de risco extremo, destinada a pessoas que já sofreram múltiplos eventos cardiovasculares. Para esse grupo, o LDL deve permanecer abaixo de 40 mg/dL, patamar mais ambicioso do que o proposto nas diretrizes anteriores. Pacientes de risco muito alto passaram a ter como alvo valores inferiores a 50 mg/dL, enquanto os de baixo risco agora devem manter o LDL abaixo de 115 mg/dL. A recomendação acompanha evidências internacionais que demonstram que níveis mais baixos de colesterol estão associados à menor probabilidade de novos eventos cardíacos.

A atualização também ampliou a investigação de fatores relacionados às dislipidemias. A dosagem da lipoproteína(a), marcador fortemente associado ao risco de infarto e AVC, passou a ser indicada ao menos uma vez na vida para todos os adultos, embora ainda não tenha cobertura ampla no sistema público ou em planos de saúde. Especialistas destacam que parte das alterações do colesterol é de origem genética, o que torna a detecção precoce fundamental para evitar complicações. Outro ponto de destaque da diretriz é a recomendação de iniciar terapia combinada em pacientes com alto risco cardiovascular, reunindo estatinas, ezetimiba, terapias anti-PCSK9 e, em alguns casos, estratégias triplas capazes de reduzir o LDL de forma mais intensa.

Mesmo com a ampliação das opções terapêuticas, as entidades médicas reforçam que mudanças no estilo de vida continuam sendo a base da prevenção. Alimentação equilibrada, prática regular de atividade física, abandono do tabagismo e controle do peso seguem essenciais para reduzir a incidência de doenças cardiovasculares. A expectativa é que as novas diretrizes orientem médicos e gestores públicos e contribuam para conter a mortalidade por infarto e AVC em um contexto marcado pelo aumento da obesidade, do sedentarismo e do estresse crônico na população brasileira.

Ilustração: Câmara dos Deputados

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