Festa de Sant’Ana de Caicó chega ao fim e bate recorde de público

A Festa teve início no dia 18 de julho com a tradicional passeata de abertura. Até hoje, uma programação completa, profana e religiosa, promoveu o congraçamento de fiéis caicoenses e visitantes, que aproveitam este período do ano para revisitar amigos, parentes e renovar seus votos de devoção à Sant’Ana, avó de Jesus, pela tradição católica.

Em seu último dia, neste domingo, 28 de julho, milhares de pessoas, quase todas em roupas brancas, lotam as ruas do centro da cidade em procissão, cortejando as imagens seculares da santa padroeira e de São Joaquim, seu esposo.

A tradicional Festa de Sant´Ana da cidade de Caicó possui o Título de Patrimônio Cultural do Brasil, concedido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Arquitetônico Nacional.

Os primeiros registros históricos da celebração datam de 26 de julho de 1748. A festa reúne diversos rituais religiosos, profanos e outras manifestações culturais e remonta à formação da sociedade brasileira no período da colonização. Ocorre todos os anos, entre a quinta-feira anterior ao dia 26 de julho, dia de Sant’Ana, até o domingo seguinte. As preparações começam no mês de abril para garantir a perfeita realização de todas as cerimônias que foram agregadas à Festa, como as peregrinações rurais e urbanas e seus rituais de missa e procissão e o Encontro das Imagens.
Além das celebrações, os dias da festa incorporam muitas outras manifestações culturais importantes para a formação da identidade local. Merecem destaque a produção das comidas do Seridó potiguar, como a buchada, a panelada, a fritada, a galinha caipira, a carne de criação e de porco torrada, a paçoca de carne de sol, os queijos de coalho e de manteiga e também os doces, como chouriço, filhoses e biscoito de goma de mandioca. Ainda há a confecção do artesanato sertanejo, como os bordados do Seridó que chegaram à região pelas mulheres dos colonizadores portugueses e estão, hoje, incorporados na Festa de Sant’Ana nas vestimentas de fiéis e clero nos eventos religiosos.

O culto à Sant’Ana e a origem da festa em  Caicó
O culto a Sant’Ana, que na tradição católica é a mãe de Maria e, portanto, avó do menino Jesus, foi formalizado pela Igreja Católica no século XIV e teve sua data fixada em 26 de julho no século XVI. Em Caicó, que tem a santa como padroeira, o culto está vinculado à fundação da cidade, no século XVII.  A construção da primitiva capela de Sant’Ana, em 1695, e a história de alguns milagres da santa motivaram a devoção do seridoense por Sant’Ana.

Conta a lenda que a construção da capela foi um gesto de gratidão à intervenção da santa. Um vaqueiro, ameaçado por um touro bravo, pediu ajuda a Sant’Ana, que intercedeu a seu favor. Durante a construção da capela, mais uma vez a comunidade pediu auxílio à santa para impedir a seca do poço de água, no leito do rio Seridó. Sant’Ana ajudou e, depois disso, o poço nunca mais secou, sendo possível terminar a construção da igreja. O Poço de Sant’Ana existe até hoje e faz parte de todas as narrativas sobre a origem da cidade.

Atualmente, os eventos religiosos concentram-se ao redor Catedral de Sant’Ana, mas envolve todo o município com procissões, carreatas e cavalgadas. Outro local de destaque é o Pavilhão de Sant’Ana, onde ocorrem os eventos sócio-culturais. Em 2008, foi inaugurado o Complexo Turístico Ilha de Sant’Ana em uma ilha fluvial no meio do rio Seridó, com praça, bares, restaurantes, palcos, anfiteatro e ginásio, onde ocorrem os shows e a Feira de Artesanato dos Municípios do Seridó que reúne artistas de todo o nordeste.

As festividades começam com a Peregrinação Rural da imagem de Sant’Ana pelas casas do campo durante os 15 sábados que antecedem o início oficial da festa. A Peregrinação Urbana ocorre diariamente desde o início de junho até a véspera da abertura oficial, quando ocorre o Encontro das imagens no cruzamento das principais avenidas da cidade. É nesse momento que chega à cidade um grupo da Peregrinação a Sant’Ana Caravana Ilton Pacheco. Para homenagear Sant’Ana, o grupo percorre cerca de 85 quilômetros, cantando e rezando até chegar em Caicó. Vale ressaltar que à imagem original de Sant’Ana, benzida durante a instalação oficial da Povoação de Caicó em 1735, tombada pelo Iphan em 1962, está ainda hoje no nicho lateral da Catedral.

A Abertura oficial da Festa de Sant’Ana de Caicó é na quinta-feira que antecede o dia 26 de julho, com passeata solene, saindo da Catedral de Sant’Ana pela cidade até retornar ao largo da Catedral onde é hasteado o estandarte à Sant’Ana no mastro que fica no local até o fim da procissão de encerramento. Após as celebrações de abertura há um banquete, o Jantar de Sant’Ana. O primeiro domingo de festa é o dia da Cavalgada de Sant’Ana. Diversas pessoas, algumas trajando indumentária de vaqueiro, percorrem as ruas da cidade desde o Parque da Exposição de Caicó até o Pátio da Catedral de Sant’Ana onde são recebidos com uma missa e a benção dos animais. Há também a Carreata de Sant’Ana que ocorre na última sexta-feira da festa, noite da novena dedicada aos motoristas.

A Missa Solene acontece sempre no último dia de festa, no domingo pela manhã e é um dos ápices das festividades. É um momento de grande comoção, quando muitos devotos pagam suas promessas. A comoção em torno da missa é tanta que é também transmitida pelas emissoras de rádios da região do Seridó e, em 2007, foi transmitida ao vivo pela internet. Ao fim da Missa solene, são feitos os últimos preparativos para a procissão com a finalização da ornamentação dos andores das imagens de Sant’Ana e São Joaquim.

Com contribuição da Assessoria de Comunicação Iphan

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