O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) divulgou nesta terça-feira (6) a nova edição do Relatório de Desenvolvimento Humano, atualizando o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 193 países com dados de 2023. O índice leva em conta três indicadores principais: expectativa de vida, nível de escolaridade e renda per capita (PIB por pessoa).
O Brasil alcançou a 84ª posição no ranking global, com um IDH de 0,786 em uma escala que vai de 0 a 1. Esse valor classifica o país como de alto desenvolvimento humano. Em comparação com o ano anterior, o índice subiu 0,77%, uma vez que o IDH de 2022, revisado neste relatório, era de 0,780.
Na edição de 2022, o Brasil figurava na 89ª colocação. No entanto, considerando a atualização feita, estava na 86ª posição naquele ano. Isso significa que, efetivamente, o país subiu duas posições, ultrapassando a Moldávia e igualando-se a Palau.
O relatório mostra ainda que, entre 2010 e 2023, o Brasil teve um avanço médio anual de 0,38% no IDH. Já entre 1990 e 2023, o crescimento médio foi de 0,62% por ano.
De acordo com o Pnud, os países são agrupados em quatro categorias, conforme a pontuação do IDH. Aqueles com 0,800 pontos ou mais são considerados de desenvolvimento humano muito alto — um grupo composto por 74 nações. O Chile é o país latino-americano mais bem posicionado, ocupando o 45º lugar com um IDH de 0,878.
Além do Chile, outros nove países da América Latina e Caribe integram esse grupo: Argentina, Uruguai, Antígua e Barbuda, São Cristóvão e Névis, Panamá, Costa Rica, Bahamas, Barbados e Trinidad e Tobago. A média regional subiu de 0,778 para 0,783 entre 2022 e 2023, uma alta de 0,64%.
O Brasil está entre os 50 países classificados como de desenvolvimento humano alto, com IDH entre 0,700 e 0,799. Há ainda 43 países com IDH médio (entre 0,550 e 0,699) e 26 com desenvolvimento considerado baixo (abaixo de 0,550).
No topo do ranking mundial está a Islândia, com um IDH de 0,972, superando Suíça e Noruega. Os seis primeiros colocados são todos europeus, incluindo Dinamarca, Alemanha e Suécia. Na outra ponta, o Sudão do Sul, fundado em 2011, tem o menor índice do mundo, com 0,388. As últimas nove posições do ranking são todas ocupadas por países africanos. O Iêmen, em conflito há anos, ocupa a décima pior colocação.
A média global do IDH foi de 0,756 em 2023, um aumento de 0,53% em relação ao ano anterior (0,752). Segundo Pedro Conceição, responsável pelo relatório, este é o maior nível já registrado. No entanto, ele alerta para dois pontos de atenção: o primeiro é que o ritmo de progresso diminuiu, tornando-se o mais lento da história, excetuando o retrocesso causado pela pandemia. Caso o ritmo pré-2020 tivesse sido mantido, a humanidade já estaria próxima de um IDH muito elevado até 2030. O segundo ponto preocupante é que os países com índices mais baixos continuam estagnados, um fenômeno que ocorre pelo quarto ano consecutivo, rompendo uma tendência histórica de aproximação entre as nações.
A média dos países com IDH muito alto é de 0,914, enquanto os de IDH baixo registram média de 0,515.
O relatório também apresenta dados ajustados para desigualdade. Nesse cenário, o IDH do Brasil cai para 0,594, o que rebaixa o país à 105ª posição e o coloca na categoria de desenvolvimento médio. Por outro lado, na Islândia, a diferença é mínima: o IDH ajustado é de 0,923. Já o IDH global ajustado para desigualdade é de 0,590.
Na análise por gênero, as mulheres brasileiras apresentam um IDH ligeiramente superior ao dos homens: 0,785 contra 0,783, graças a melhores resultados em longevidade e educação, embora o rendimento per capita ainda seja inferior ao dos homens.
Quando o IDH é recalculado levando em conta a pegada de carbono de cada país, o Brasil aparece com índice de 0,702, subindo para a 77ª posição no ranking mundial.