Quilombo Capoeiras e EAJ/UFRN levam saberes e fazeres tradicionais para a COP 30

A Escola Agrícola de Jundiaí (EAJ), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), e a Associação Quilombola dos Moradores de Capoeiras, localizada em Macaíba, terão representação na COP 30, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, que acontece em Belém, no Pará. 

A participação é fruto da aprovação da Propositura Institucional Receitas Ancestrais Saberes e Fazeres de Povos e Comunidades Tradicionais do Brasil. A proposta foi apresentada pela Secretaria de Territórios e Sistemas Produtivos Quilombolas e Tradicionais (Seteq), sob a gerência da Coordenação de Articulação para o Etnodesenvolvimento Quilombola e de Povos e Comunidades Tradicionais (Carti), do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA).

Entre os participantes convidados para a ação estão o professor do curso de Gastronomia da EAJ/UFRN, Tarcísio Gonçalves, e a diretora social da Associação Quilombola dos Moradores de Capoeiras, Liliane Moura Barbosa, representando o maior quilombo do Rio Grande do Norte.

Professor do Curso de Gastronomia da EAJ/UFRN, Tarcísio Gonçalves, e diretora social da Associação Quilombola dos Moradores de Capoeiras, Liliane Moura Barbosa – Foto: Joane Rocha/EAJ

Com a prospecção de 300 participantes, a atividade tem como objetivo central compartilhar os saberes e fazeres dos Povos e Comunidades Tradicionais (PCT) de diversas regiões do Brasil. A ação promoverá o diálogo e o compartilhamento de experiências para impulsionar a agricultura sustentável e a segurança alimentar diante dos desafios impostos pelas mudanças climáticas.

O professor Tarcísio destaca que produtos regionais contribuem para a sustentabilidade. “Além de frescos, saborosos e nutritivos, os ingredientes regionais, com o uso baseado em ciclos naturais de produção, evitam a alta utilização de defensivos e fertilizantes artificiais, reduzindo a pegada de carbono e valorizando a agrobiodiversidade local”, explica. Ele acrescenta, ainda, que o uso de alimentos regionais no contexto quilombola pode reforçar a identidade culinária ancestral, favorecer a economia de base comunitária e incentivar o empreendedorismo gastronômico local.

Liliane Moura ressalta a importância de participar de um debate global: “É uma oportunidade para que as comunidades quilombolas compartilhem seus saberes e também mostrem como são diretamente afetadas pelas transformações do clima”, conta.

Equipe do projeto Receitas Ancestrais Saberes e Fazeres de Povos e Comunidades Tradicionais do Brasil, na Cozinha Show, durante a COP30 – Foto: Ariandeny Furtado/MDA

Juntos, Liliane e Tarcísio apresentarão três preparações que unem ciência cidadã e conhecimento tradicional: canapé de banana-da-terra, com pasta de castanha de caju, brotos e ervas; bolo preto; e água de coco com infusão de cálice de vinagreira.

A programação acontecerá durante a COP 30, na Cozinha Show, no espaço AgriZone, localizada na Casa da Agricultura Sustentável da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). 

O professor Tarcísio Gonçalves destaca o caráter colaborativo da iniciativa: “A COP 30 é um momento único. A troca de experiências com a equipe, com os participantes do evento de diferentes regiões do Brasil e do mundo, certamente, trará muito aprendizado e novas perspectivas”. 

O bolo preto é uma das receitas apresentadas pela equipe do RN na Cozinha Show/COP 30 – Foto Cícero Oliveira – Agecom/UFRN

Segundo Tarcísio, a participação da equipe na COP 30 vai além das oficinas gastronômicas. A expectativa é gerar evidências e produtos concretos que articulem gastronomia, agricultura familiar, valorização dos saberes tradicionais e o conhecimento científico, como a compilação e o registro técnico das preparações, o levantamento participativo das espécies e dos produtos utilizados, além da produção de um livro ou relatório técnico sobre a experiência.

COP 30

30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) teve início nesta segunda-feira, 10, e será realizada até o dia 21 de novembro.  O evento é promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU). Representantes de 191 países, sociedade civil, cientistas, empresários e jornalistas estarão reunidos em Belém, no Pará, para discutir sobre os desafios para combater as mudanças climáticas. Esta é a primeira vez que a COP é realizada na região amazônica, uma das áreas de maior biodiversidade do planeta.

Raiane Miranda e Juliana Holanda – LabCAm – Agecom/UFRN

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