25 de abril de 2021

Macaíba

Museu é museu!

A Câmara Municipal de Macaíba aprovou há poucos dias uma proposição do vereador Aluízio Sílvio (PSDB) que sugere ao Executivo Municipal a revitalização do Museu Solar Ferreiro Torto. O projeto incluiria a realização de feiras e exposições de artistas locais na área externa do Solar, trilhas ecológicas monitoradas e… a instalação de um restaurante.

Muito bom saber que os vereadores macaibenses estão se movimentando em torno de ideias que incentivam o turismo, a economia e a cultura do município. Parabéns, Aluízio!

Porém, uma ressalva é urgente!

Sem profundidade alguma de conhecimento técnico na área, este repórter suspeita que instalar um restaurante em qualquer museu é inadequado, desnecessário e muito arriscado à integridade do acervo. Sobretudo quando tratamos de um prédio com estrutura e arquitetura antigas, sem os mínimos recursos de segurança necessários. Adequá-lo a esta finalidade custaria muito caro e iria impor à administração municipal um processo burocrático enfadonho, cheio de meandros, submetido pelos organismos que regulamentam e fiscalizam o uso e preservação do patrimônio histórico do estado, já que o Solar é tombado. Observem a complexidade das obras que estão sendo executadas na Pinacoteca do Estado, antigo Palácio Potengi, e no Teatro Alberto Maranhão.

A Proposição é lastrada de louvável intenção, mas se perde um pouco quando imagina chaminés, frituras, gordura, bebida alcoólica e exaustores misturados a obras de arte, escritos, fotografias e centenas de outros itens históricos extremamente frágeis. Museus devem ser espaços democráticos, mas que demandem severo controle de acesso para garantir a integridade da memória que guardam.

O Brasil chorou quando viu o Museu Nacional arder. Claro que a causa do acidente foi diversa, mas o significado do perigo é o mesmo.

A Bahia é um estado que ufana os sabores e cores de seus quitutes. Boa parte desse orgulho foi alimentada pelas letras de Jorge Amado e Zélia Gatai. Na Casa do Rio Vermelho, onde hoje funciona um memorial dedicado ao casal, lugar onde os dois viveram e morreram, a cozinha está preservada, belíssima, mas é proibido comer por lá.

Aqui no RN, o Instituto Ludovicos celebra a vida e legado de Cascudo, o mesmo que há quase 53 anos publicou a “História da Alimentação no Brasil”, obra definitiva sobre nossa gastronomia. Nem isso é suficiente para justificar o risco de instalar um restaurante típico no casarão.

Mas é certo que nosso Museu Solar Ferreiro Torto quer deixar de representar somente o passado e integrar o presente da cidade. O caminho talvez seja a busca por parcerias público-privadas, que dispõe de expertise e recursos para manter, gerir e promover o espaço. Prédios históricos de Salvador, por exemplo, são concedidos a empresas, mas sob um rigoroso regulamento que passa pela preservação de suas características físicas, manutenção integral e gratuidade para a visitação pública.

Nada de privatização! O Solar jamais deixaria de ser dos macaibenses e de todos os potiguares!

As ideias são boas, o debate é bom e, pelo expediente, a matéria segue para o birô do prefeito Emídio Jr, que sempre considerou fundamental transformar o Ferreiro Torto num equipamento turístico e pedagógico. Os pareceres das secretarias de Cultura; Desenvolvimento Econômico; Trabalho; Meio Ambiente; e Infraestrutura irão determinar as próximas cenas.

Historiando:

Inaugurado em 1979, serviu como memorial sacro da Fundação José Augusto. Com pouca visitação e roubo de algumas peças, foi fechado e as peças levadas para o anexo da igreja do Galo, em Natal.

Em seguida foi cedido a um comerciante local, que montou uma churrascaria (!) no prédio, mas fechou pouco tempo depois.

O Solar sediou a Prefeitura de 83 a 89, quando foi transformado em museu, mas abandonado pelo poder público. Somente em 30 de março de 2003 foi reaberto com o padrão atual, denominado Museu Solar Ferreiro Torto.

Hoje seu funcionamento é mantido integralmente com recursos da Prefeitura.

Macaíba

Sobre as ruas de Macaíba…

A fotografia data do início dos anos 70. Um pedaço da cidade que me traz boas lembranças, pois era na Rua do 35 (Rua General Aluízio Moura), que morava minha avó Corina.

Cheguei a ver a capelinha e a Escola de São Vicente, o terreno onde os circos eram armados e onde os rapazes jogavam bola (hoje Praça Alfredo Mesquita).

Lembro do medo que eu tinha do caixão das almas, que sempre ficava ao lado da capela do cemitério de São Miguel, aguardando para ser usado.

Quase todas as ruas eram de areia, terrenos sem cercas e um campinho de pelada em cada esquina.

As ruas eram apelidadas. Rua do 33, Rua do 35, Rua da Caixa, Rua do Cemitério, Ladeira do 35. E por aí se vai!

Hoje, Rua Dom Joaquim de almeida, Rua General Aluízio Moura, Rua Clóvis Jordão de Andrade, Rua Campo Santo, Rua Governador Dinarte Mariz, e Rua… da eterna saudade.

Não desistirei nunca de te amar, de falar sobre ti, minha Macaíba!

Enquanto vida e lucidez eu tiver, tu estarás dentro de mim.

Até breve!

Texto: Marcelo Augusto, colunista compulsório desta Revista Coité
Foto: Acervo

Homenagem

Um abril de muitas perdas…

Gonzaguinha morreu em 29 de abril de 1991

Foi num abril como este que perdemos Chico Anysio, Chateaubriand, Tancredo Neves, Nelson Gonçalves e Gonzaguinha, um dos mais geniais compositores brasileiros, que faria 76 anos em setembro.

Homenagem

Salve, Nerivaldo Monteiro!

Saudoso amigo, folião, brincante, radialista, militante político e produtor cultural que nos deixou em setembro passado.

A partir de agora a praça do conjunto Fabrício Gomes Pedroza é oficialmente reduto do samba e vai ostentar numa placa o nome de quem sabia empunhar bandeiras, mas também flamulava estandartes cheios de lantejoulas, cores e alegria.

Nasceu a Praça Carnavalesco Nerivaldo Monteiro!

Natureza

Números inquietantes…

Em 1960 consumíamos metade do que o planeta podia renovar; em 1987, 100%.
Hoje consumimos 30% a mais da capacidade de renovação da Terra.
E agora?!

Dados do Instituto Akatu

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