O uso excessivo de telas, como celulares, computadores e outros dispositivos digitais, foi reconhecido como uma condição patológica pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A dependência de internet, jogos eletrônicos e aparelhos digitais foi inserida na Classificação Internacional de Doenças (CID-11), tornando-se oficialmente uma doença com sintomas e sinais bem definidos, o que exige atenção especial de pais, educadores e profissionais de saúde.
Em uma entrevista à 94 FM, a psiquiatra Ana Beatriz alertou sobre a seriedade desse problema e seus impactos, especialmente em crianças e adolescentes. Ela enfatizou que o uso desmedido de telas pode causar danos significativos. “A dependência de internet, celular e jogos está cada vez mais diagnosticada como uma doença, com sinais claros e evidentes”, explicou a médica.
De acordo com Ana Beatriz, o vício em telas pode prejudicar tanto a saúde física quanto a mental. “Esse comportamento excessivo pode contribuir para o aumento da obesidade, pois reduz a atividade física, além de prejudicar a qualidade do sono, afetando várias áreas da vida, como a memória, a criatividade e a habilidade de resolver problemas”, afirmou.
A especialista também ressaltou o impacto nas relações interpessoais: “O vínculo familiar, principalmente com os pais, fica comprometido. Muitos pais recorrem às telas para entreter os filhos, mas isso não é uma solução. Na verdade, isso afeta negativamente o desenvolvimento infantil.”
O diagnóstico de dependência digital pode ser feito observando certos comportamentos. Ana Beatriz explicou que “os sintomas dessa dependência são semelhantes aos de outros tipos de vícios, como o álcool e as drogas. A pessoa tende a reduzir o tempo de interação social e atividades prazerosas fora das telas, aumenta o tempo de uso mesmo querendo diminuir e sofre alterações no sono e apetite.”
Outro aspecto importante é a compulsão e a irritabilidade. “O indivíduo passa a sentir a necessidade de permanecer conectado por mais tempo para alcançar o mesmo prazer de antes, e, se não conseguir, sente-se ansioso ou irritado”, alertou.
Contudo, a realidade está distante das recomendações teóricas. “Atualmente, crianças e adolescentes estão passando o dobro ou até mais do tempo sugerido frente às telas”, ressaltou a psiquiatra.
Ela reforçou a necessidade de estabelecer limites claros e de oferecer alternativas de lazer. “É essencial que os pais criem uma rotina estruturada e incentivem atividades fora do ambiente digital, como esportes, passeios em família ou jogos de tabuleiro. A presença ativa da família nessas atividades é crucial.” Além disso, ela destacou o papel do exemplo dos adultos. “Se os pais não conseguem controlar o próprio uso de dispositivos, como poderão ensinar isso aos filhos?”, questionou.
Por fim, Ana Beatriz destacou a importância de buscar ajuda profissional nos casos mais graves. “A terapia é fundamental para entender as causas desse uso excessivo e ajudar no processo de desintoxicação. Em situações mais avançadas, o acompanhamento psiquiátrico também pode ser necessário”.
Com informações do Agora RN