História de Macaíba

Homenagem

As histórias de Biló!

Milson Teixeira é só um nome próprio de quem talvez seja despercebido pela maioria. Biló, não! Este tem figura marcante pelas esquinas, sempre atento à cena cotidiana. Como um cronista do povo, não raramente afia sua língua nos bares da cidade e refina suas opiniões em aperitivos.

Biló nasceu em 1966, quando o Brasil vivia subjugado às baionetas da ditadura e o general Costa e Silva foi escolhido presidente.

Filho dos saudosos ex-vereador Manoel Pixilinga e da professora Lourdes Campina, o menino foi criado correndo pela rua da cruz, pertinho do Bar Gato Preto, escorrendo sua infância pela rua do cartório. Do Gato Preto guarda lembranças das mais variadas sortes. Dos movimentados torneios de sinuca às confabulações de onde saiam até importantes decisões políticas. Numa época sem internet, o bar mantinha uma rede social com muito mais verdade que esta.

Aprendeu as letras na Escola Estadual Auta de Souza, de onde saiu para cursar o ensino médio no Alfredo Mesquita.

Mas Biló considera que o jovem Milson foi mesmo forjado no esporte. Entre passes, dribles, gols, vitórias e derrotas, na infância frequentava os campinhos de pelada ao lado dos amigos de sempre… Júnior Coquinho, João Meliu, Marcelo Augusto, Márcio e Sandro Bezerra; Gilson, Gilberto e Gilmar Nogueira, além de tantos treinados por Augusto Neto.

Sonhando em seguir carreira, começou na Escolinha do Flamenguinho. De lá, passou pelo Santa Cruz e pelo Cruzeiro, que lhe abriu portas para o ABC aos 19 anos. Orientado pelos professores Wallace Costa e Cacau, ajudou o clube a conquistar seu tricampeonato em 1985 pela categoria juniores.

Mas o sonho deu lugar às necessidades. Homem, era hora de driblar os problemas, não mais os adversários nas partidas. A bola virou lembrança e Biló passou a se dedicar ao mundo político, assessorando lideranças. A primeira delas foi Chico Cobra, ex vice-prefeito e vereador.

Combativo, persuasivo, posicionado e presente em todas as campanhas da história recente, é soldado importante em qualquer front.

Já foi boêmio inveterado. Hoje navega por mares menos dionisíacos.

Orgulhoso, faz um bom trabalho na Policlínica Municipal.

Abraço ao amigo competente e irreverente!

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O esporte macaibense tem muita história!

Equipe campeã do Matutão de 66, tendo como técnico Tasso Cordeiro

Macaíba sempre viu no esporte uma opção de lazer, socialização; para alguns, oportunidade de carreira profissional. Mesmo este 1º de abril não sendo nenhuma data especial para o esporte macaibense, sempre é tempo de homenagear.

O campo do Cruzeiro lotado, Verdes Mares, Olímpica; disputas antológicas no Ginásio… memórias que não fogem dos que amam e respeitam o esporte.

Pois aqui é terra de grandes desportistas! Centenas anônimos, outros reconhecidos estado afora, mas todos grandes!

A partir do Cruzeiro de Macaíba, por exemplo, o Brasil conheceu Miguel de Lima (ex-goleiro do Náutico, Vasco e outros), Djalma (ex-jogador do América-RN, Sport e Corinthians) e Wallyson (do Cruzeiro mineiro). A cidade também não esquece o Vingador, Malheiros, Vicente, Punga, Neguinho de Punga, Zé Maria, Maurício, Odilon, Neré, Quinho, Batucada, João, Rui, Arí, Valério Goleiro, Zacarias, Reinaldo, Bizú, Célio, Peixinho, Gilson, Rodrigo, Eduardo, Nego, Vana, Dé, João Menguita, Val, Charles, Kelson, Ricardo, Eliabe, Marquinhos de Braz… Gerações apaixonadas pelo esporte. Alguns respeitados em memória.

Edilson de Albuquerque Bezerra

Destaque para o saudoso Edilson de Albuquerque Bezerra (foto), que dá nome ao ginásio da Rua da Aliança. Terceiro filho de seu Romão, um dos fundadores do Cruzeiro. Foi um craque! Artilheiro na conquista do Matutão de 1966, título equivalente ao campeão estadual daquele ano, quando a equipe (foto) foi dirigida por Tasso Cordeiro. Edilson faleceu em 1995 aos 52 anos.

Outros que merecem todas as homenagens são os que fizeram a história do Fluminense da Rua da Matança, de seu Geraldinho; do Rio Branco, de seu Antônio Paulino; do Bandeirantes, de Marron; do Flamengo da Vila, de seu Luís; Madureira de Mangabeira… Isso para citar só alguns tradicionais que protagonizaram clássicos do nosso futebol.

Viva ao esporte da paz! A todas as gerações de desportistas, de todas as modalidades! Treinadores, peladeiros, dirigentes, atletas, cronistas, árbitros, torcedores…

A pauta foi sugerida pelo amigo-leitor Grimerson de Dona Damares. Contamos com a consultoria privilegiada de Marcelo Augusto, que conhece de cor e salteado a nossa história, e do professor José Luís, cronista esportivo.

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O serviço de som do Pax Club

A Prefeitura de Macaíba prepara a aquisição de um novo equipamento de som para o Pax Club. Será moderno, potente. Tenho certeza que o amigo Jó, guardião incansável daquele espaço multiuso, cuidará para que tudo seja de ótima qualidade.

O assunto remete o Gato Preto a uma memória de muitos macaibenses: as bocas de ferro que o Pax mantinha, irradiando para todo o Centro da cidade, décadas atrás.

No livro “Pisa na Fulô – Anedotário Político e Social de Macaiba e Adjacências” – o escritor Valério Mesquita nos conta que “Macaíba, nas décadas de 20, 30 e 40, foi uma das cidades de maior e intensa vida social do Rio Grande do Norte. Viveu sua fase áurea da sociedade elitizada, organizada tradicionalmente em um clube, onde a chamada nata se divertia.

Em julho de 1950, surgiu o Pax Club, construído pelo então prefeito Luiz Cúrcio Marinho. Ao longo de mais de 20 anos, esse tipo de aglutinação social subsistiu. Em Natal, por exemplo, se acabaram antes o ABC e o Aeroclube e, só algum tempo depois, o Pax Club também sucumbiu à desagregação social que começou nos anos 60, pela modificação dos costumes, da música, do comportamento social etc.

O Pax Club, para veicular as suas promoções, possuía um serviço de amplificadora cujo locutor, com voz empostada, assim proclamava o seu inefável prefixo: “Serviço de divulgação da Associação Pax Club, falando do sodalício tradicional e elegante da cidade, diretamente do aprazível recanto do Parque Governador José Varela”. Eram duas bocas de ferro presas a um imenso pé de eucalipto, perto da ponte.

O pré-falado serviço de som mantinha em sua programação o quadro musical intitulado “Data Querida”, que parabenizava os aniversariantes e oferecia páginas músicas aos enamorados.”

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Macaibense: 120 anos do governo Tavares de Lyra

Nesta segunda, 25, lembramos os 120 anos da posse do macaibense Augusto Tavares de Lyra como Governador do Estado.

É preciso celebrar a História e respeitar quem a escreve, prestigiando cada página, cada feito.

Macaíba tem muito de quem se orgulhar e a classe política jovem das terras de Coité precisa mirar em exemplos como o de Tavares de Lyra, que também foi Ministro e teve seu nome inscrito no livro do Mérito Nacional. O Presidente Getúlio Vargas afirmou que era uma relíquia histórica do nosso país, pela soma de encargos que teve sob sua responsabilidade, nos quais honrou a vida pública nacional.

Nasceu em 25 de dezembro de 1872, filho do coronel Filho de Feliciano Pereira de Lyra Tavares e Maria Rosalina de Albuquerque Vasconcelos. Construiu importante carreira política sempre voltando-se às necessidades do Rio Grande do Norte.

Realizou seus estudos em Macaíba, Natal e em Recife ingressou no Curso Jurídico na Faculdade de Direito de Recife em 1888.

Em 1915, fez o doutorado em Direito pela Faculdade do Rio de Janeiro.

Político militante, ocupou os mais elevados cargos e funções públicas: deputado estadual, deputado federal, governador do Rio Grande do Norte de 25/3/04 a 05/11/06; ministro da Justiça no governo de Afonso Pena; ministro da Viação e Obras Públicas e, interinamente, ministro da Fazenda no governo de Venceslau Brás. Ocupou mais uma vez o Ministério da Justiça e Negócios Interiores, dessa vez como interino, e foi ainda, a partir de 1919, ministro e Presidente do Tribunal de Contas da União, por onde se aposentou (1941). Foi mediador de conflitos no Rio Grande do Sul durante a revolução gaúcha (1923); autor de vários livros e professor em diversas Universidades; sócio fundador do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte.

Faltando poucos dias para completar 86 anos, o macaibense Tavares Lyra morreu em 22 de dezembro de 1958, no Rio de Janeiro.

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Sobre nossas bocas de ferro

Apesar de tantos anos presentes no cotidiano das nossas ruas, há quem ainda se incomode com o barulho que provocam além do ruge-ruge comum em dias de movimento no Centro da cidade. Os mais modernos começaram a classificar como “poluição sonora”. O certo é que em Macaíba os carros de som ainda se apresentam como meios eficientes de comunicação. Com mensagens curtas, objetivas e claras, transitam com destreza e coragem por todas as avenidas, ruas, e vielas, do asfalto à poeira. Anunciam de tudo a todos: campeonatos, matinês, luta de anão em circos, promoção de melancia, candidaturas, shows, ações da Prefeitura e notas de falecimento.

Houve um tempo em que a atividade era muito mais desafiadora. Carros eram adaptados para a sonorização. Os preferidos eram a Veraneio (Chevrolet) e Kombi (Volkswagen). Quase sempre transformados em quintais, sem nenhum critério técnico, viravam geringonças que mais fumaçavam e pifavam seus geradores, que desfilavam veiculando os anúncios contratados. Mas funcionavam, mesmo assim! Sobretudo numa época em que a linguagem era outra e as possibilidades de meios muito menores. Alguns eram comandados por locutores ao vivo, que passeavam à bordo com o discurso na ponta da língua, microfone flanelado na mão e um calor profissional; outros recorriam às fitas k-7 com mensagens gravadas com melhor produção, algo ultramoderno para aqueles tempos, mas que impediam a personalização da mensagem. Locuções ao vivo permitiam que as mensagens fossem dirigidas diretamente a quem passava, às figuras conhecidas da cidade, aos comerciantes…

Hoje muita coisa mudou! Não se vê mais bocas de ferro, que irradiavam longe e levavam qualquer voz ao outro lado da cidade, eram resistentes, entretanto não garantia tanta qualidade de sonorização. Os equipamentos são digitais, alto-falantes de última geração e mensagens gravadas que chegam ao operador do carro por nuvem, via internet. Mas a essência do meio continua a mesma! O carro de som continua presente onde sempre esteve, nas ruas de Macaíba, acordando os macaibenses, incomodando alguns, mas funcionando, sendo eficiente e fiel aos seus objetivos elementares.

Tudo isso a dizer para destacar também os macaibenses que se aventuram para manter vivo este meio. Dias atrás a @revistacoite tratou dos locutores e nesta postagem completa a homenagem.


O memorialista Marcelo Augusto nos relata que os mais antigos não esquecem a Pipoqueira de seu Galego, praticamente o primeiro carro de som de Macaíba, lá pelos idos dos anos 70, que era operado por Otávio, irmão do maestro Genivaldo. Otávio, o saudoso Ferreira Lima, também foi locutor da 87 FM Macaíba no início dos anos 2000, era marido da também saudosa dona Zefinha da Prefeitura.

Depois as comunicações públicas eram feitas pelo serviço de som da APC associação Pax Club, com o locutor Dioclécio do Barro Vermelho. Assunto que vai merecer uma postagem à parte.

Nos anos 80, Luiz Antônio chega e monta seu carro de som, uma Kombi com duas caixas Staner e duas bocas de ferro.

Depois, Fransimar Ferreira, o Mazinho, monta uma Veraneio como carro de som, a que ilustra esta postagem, e contrata o saudoso locutor Heriberto, que também teve seu próprio carro de som.

Referências justas a João Maria da Casa Velha, Francolin e a Tião do Rojão.

Mais tarde, Dudu inova com propagandas comerciais e ao vivo em frente às casas comerciais, sempre com irreverência e usando um carro de som montado por ele mesmo, todo paramentado.

Hoje o mercado é ocupado e liderado com competência técnica por Giba Som e JB comunicações, ao lado de Dudu, que ainda faz bem feito e com muita experiência.

Parabéns a todos esses guerreiros, empreendedores e mestres da comunicação verdadeiramente de massa, que, por todo esse talento, sempre irá funcionar, manter Macaíba viva, falante, integrada.

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O bar Gato Preto, das Cinco Bocas

O escritor Valério Mesquita sempre nos contou sobre o Bar Gato Preto, que a @revistacoite transformou em personagem para as suas narrações. Às gerações modernas, recortamos fragmentos de dois textos que publicou na Tribuna do Norte. O primeiro, de setembro de 2014:

“’Cinco Bocas’ foi o território humano e sentimental de Macaíba, cuja embaixada era o bar “Gato Preto”, que tem suas origens nos primórdios da “civilização”. Foram quase cem anos de história viva. (…) Nele vislumbro os vultos inaugurais de Zé Solon, Alberto Silva, Chico Cajueiro, Lula Ramos, Jorge Chocalheiro, Zé Pelado, Manoel Sabino, Chico de Dulce, Banga, Sinval Duarte, Manoel Pixilinga, Jorge de Papo, Odilon Benício, entre tantos outros que desapareceram vítimas do tempo, esse astrólogo arbitrário. As “Cinco Bocas” ferinas, são cinco ruas que deságuam como um rio noturno na intimidade simples dos lençóis de minha terra. Rua do Cajueiro, Rua do Benjamim, Beco de Seu Alfredo, Beco do Mercado e Rua da Cruz. (…) Era um bar, com todos os seus habitantes. Figuras opacas, empíricas, etílicas. Todos reduzidos à humanidade comum. Todos crentes de que a verdade e a vida nunca estão num único sonho mas em muitos. Foi o nosso “Grande Ponto” que tombou e morreu como o de Natal. Tanto ontem quanto hoje, caracterizou-se como um cenário profuso e difuso, tecido de conversas banais, de palavras soltas, malandras, boatos, chafurdos soprados pelo errante vento da esquina. Tudo coisas fugidias: prateleiras, garrafas solitárias e eternas, sinucas, bilhares. (…) Ai de nós se não fosse o mistério do nome, do 13, do “Gato Preto”. Por que “Gato Preto”? Não sei. E as coisas misteriosas são fascinantes. É por isso que se encantaram…”

“(…) histórico, pilhérico, boêmio, irreverente central de boatos, beatos e beócios, com quatro sinucas e muitos proprietários: Miguel, Pelado, Antônio Assis, Seu Vital e tantos outros mais antigos que já nem me lembro mais. (…) Morreu o Gato Preto e com ele as sinucas e bilhares, sustentados pelos sectários e notívagos de Macaíba.” (agosto de 2007)

A foto da postagem é de autoria desconhecida, mas apresenta a fachada do bar original.

Macaíba

Os rumos de Macaíba…

O polivalente amigo Marcelo Augusto, colunista compulsório desta Revista, merece um abraço de todos nós por fazer de sua profissão de fé o resgate da memória do chão e do povo de Macaíba.

Reproduzimos mais um texto seu:

“Vejam algumas ruas do centro da cidade, naquela Macaíba de 1971.

Olhem quanto verde ainda dispunha, muitos terrenos, pequenos sítios rodeavam a cidade que iniciava seu crescimento demográfico.

Caminhei e caminho sempre por esses espaços. Não sei até quando, mas ainda estou por aqui.

Quando vejo esses retratos, sinto uma magia dentro de cada lugar, de cada rua e de cada beco.

Já mudou quase tudo, e mudará ainda mais.”

Foto: Acervo PMM (domínio público)

Macaíba

Macaíba de alguns anos atrás…

Pode até ser saudosismo, mas também é uma pitada imensa de amor à minha Macaíba.

Outro dia postei uma fotografia parecida, só que de outro ângulo. Essa agora mostra o sítio que deu origem ao conjunto São Geraldo, e também os casarios da Rua Professor Caetano, a Praça de Coló, além do início da Avenida Jundiaí e Rua Heráclito Vilar.

Essa fotografia tem 50 anos, e em meio século nota-se muita mudança na cidade, mudanças boas e outras não muito boas assim.

Vamos caminhando, mostrando nossa Macaíba de ontem, àquela cidade provinciana, pacata e cheia de gente boa.

Quem tiver mais de meio século de vida saberá discernir o ontem do hoje.

Quanto ao amanhã, isso ainda não nos pertence!

Texto: Marcelo Augusto, colunista compulsório desta Revista Coité
Foto: Acervo

Macaíba

Sobre as ruas de Macaíba…

A fotografia data do início dos anos 70. Um pedaço da cidade que me traz boas lembranças, pois era na Rua do 35 (Rua General Aluízio Moura), que morava minha avó Corina.

Cheguei a ver a capelinha e a Escola de São Vicente, o terreno onde os circos eram armados e onde os rapazes jogavam bola (hoje Praça Alfredo Mesquita).

Lembro do medo que eu tinha do caixão das almas, que sempre ficava ao lado da capela do cemitério de São Miguel, aguardando para ser usado.

Quase todas as ruas eram de areia, terrenos sem cercas e um campinho de pelada em cada esquina.

As ruas eram apelidadas. Rua do 33, Rua do 35, Rua da Caixa, Rua do Cemitério, Ladeira do 35. E por aí se vai!

Hoje, Rua Dom Joaquim de almeida, Rua General Aluízio Moura, Rua Clóvis Jordão de Andrade, Rua Campo Santo, Rua Governador Dinarte Mariz, e Rua… da eterna saudade.

Não desistirei nunca de te amar, de falar sobre ti, minha Macaíba!

Enquanto vida e lucidez eu tiver, tu estarás dentro de mim.

Até breve!

Texto: Marcelo Augusto, colunista compulsório desta Revista Coité
Foto: Acervo

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