A Riachuelo em parceria com o Instituto Riachuelo, marca presença no tradicional camarote Expresso 2222, em Salvador, com uma novidade: as primeiras camisetas produzidas com algodão 100% agroecológico, baseada numa cadeia produtiva que valoriza o meio ambiente, a economia local e o bem-estar social.
O algodão utilizado é cultivado sem agrotóxicos, com o uso de biofertilizantes e defensivos naturais, e integra o projeto “Agro Sertão”, que beneficia mais de 143 agricultores em 15 municípios do Rio Grande do Norte, resgatando a cotonicultura na região, devastada na década de 80 pela praga do bicudo-do-algodoeiro.
A produção das camisetas, que envolve fiação, malharia, tingimento, corte, costura e silk, também acontece totalmente no Nordeste, gerando empregos e impulsionando a economia local. Além disso, a escolha do design das camisetas – com e sem mangas – reduz a geração de resíduos têxteis, já que muitos foliões costumam cortar as mangas de suas roupas.
Para o camarote, a Riachuelo está produzindo um total de 6.400 camisetas, que serão usadas pelos convidados e equipe. Segundo a diretora de sustentabilidade da Riachuelo, Taciana Abreu, a ideia é usar o Carnaval como uma plataforma de comunicação para quebrar a lógica de consumo descartável, apresentando a camiseta agroecológica como uma alternativa que valoriza as raízes nordestinas e promove a sustentabilidade.
“A camiseta agroecológica começará a chegar nas lojas em maio e será um produto recorrente”, diz, acrescentando que a peça é um ‘ícone best seller’ da marca, sempre em demanda, o que garante maior conectividade do consumidor com a iniciativa de moda de menor impacto ambiental.
O lançamento é fruto da parceria com o Instituto Riachuelo, que trabalha para gerar trabalho e renda no Sertão do Rio Grande do Norte, com foco no empoderamento das comunidades locais, especialmente mulheres, com bordado, costura e educação. Com o projeto Agro Sertão, criado há três anos, o foco se expandiu para a revitalização da produção de algodão na região, outrora devastada.
Renata Fonseca, gerente do Instituto Riachuelo, menciona que, inicialmente, os agricultores eram céticos e até chamavam a equipe de “loucos” por tentarem resgatar a produção, que havia sido severamente afetada por pragas como o bicudo. Eles acreditavam menos ainda que a cotonicultura poderia ser resgatada com práticas agroecológicas, sem uso de agrotóxico, largamente usado no passado desse cultivo na região.
Essa transformação foi acompanhada por um aumento na conscientização sobre a importância de práticas sustentáveis e da segurança financeira que o cultivo do algodão poderia proporcionar. Com a viabilidade da produção agroecológica, que contou com apoio e assistência técnica da Embrapa e do Sebrae RN, os agricultores passaram a ter uma fonte extra de renda dado que a maioria das culturas locais são frequentemente usadas para a própria subsistência ou em pequenas feiras locais.
Em três anos desde o início dos primeiros plantios, foram colhidas mais de 132 toneladas de ramas de algodão e beneficiadas mais de 52 toneladas de pluma no projeto Agro Sertão. “Para que os agricultores tenham a certeza de que o tempo e esforço investidos na plantação de algodão serão recompensados, nós compramos 100% do algodão agroecológico produzido”, diz Taciana Abreu.
Valorização das raízes nordestinas
Em entrevista ao Um Só Planeta, Taciana, que é ex-diretora de sustentabilidade da Farm e do grupo Soma, refletiu sobre a trajetória de Nevaldo Rocha (1928 – 2020), fundador da Riachuelo, e seu compromisso com a transformação social e econômica na região onde nasceu e prosperou. “Ele virou um grande empresário de moda, mas ele saiu do nada e sempre teve essa vontade de promover transformação através do emprego e da renda”, contou. “Hoje a Riachuelo é a maior empregadora do Rio Grande do Norte”, acrescentou.
A executiva destaca que a iniciativa Agro Sertão e a camiseta feita com algodão 100% agroecológico refletem o compromisso da Riachuelo em valorizar as “raízes nordestinas”. “Buscamos trazer mais esse orgulho do que é feito no Nordeste, que é uma mensagem que a gente vem trabalhando muito pra dentro e pra fora”.
Fonte: umsoplaneta.globo.com