O bar Gato Preto, das Cinco Bocas

O escritor Valério Mesquita sempre nos contou sobre o Bar Gato Preto, que a @revistacoite transformou em personagem para as suas narrações. Às gerações modernas, recortamos fragmentos de dois textos que publicou na Tribuna do Norte. O primeiro, de setembro de 2014:

“’Cinco Bocas’ foi o território humano e sentimental de Macaíba, cuja embaixada era o bar “Gato Preto”, que tem suas origens nos primórdios da “civilização”. Foram quase cem anos de história viva. (…) Nele vislumbro os vultos inaugurais de Zé Solon, Alberto Silva, Chico Cajueiro, Lula Ramos, Jorge Chocalheiro, Zé Pelado, Manoel Sabino, Chico de Dulce, Banga, Sinval Duarte, Manoel Pixilinga, Jorge de Papo, Odilon Benício, entre tantos outros que desapareceram vítimas do tempo, esse astrólogo arbitrário. As “Cinco Bocas” ferinas, são cinco ruas que deságuam como um rio noturno na intimidade simples dos lençóis de minha terra. Rua do Cajueiro, Rua do Benjamim, Beco de Seu Alfredo, Beco do Mercado e Rua da Cruz. (…) Era um bar, com todos os seus habitantes. Figuras opacas, empíricas, etílicas. Todos reduzidos à humanidade comum. Todos crentes de que a verdade e a vida nunca estão num único sonho mas em muitos. Foi o nosso “Grande Ponto” que tombou e morreu como o de Natal. Tanto ontem quanto hoje, caracterizou-se como um cenário profuso e difuso, tecido de conversas banais, de palavras soltas, malandras, boatos, chafurdos soprados pelo errante vento da esquina. Tudo coisas fugidias: prateleiras, garrafas solitárias e eternas, sinucas, bilhares. (…) Ai de nós se não fosse o mistério do nome, do 13, do “Gato Preto”. Por que “Gato Preto”? Não sei. E as coisas misteriosas são fascinantes. É por isso que se encantaram…”

“(…) histórico, pilhérico, boêmio, irreverente central de boatos, beatos e beócios, com quatro sinucas e muitos proprietários: Miguel, Pelado, Antônio Assis, Seu Vital e tantos outros mais antigos que já nem me lembro mais. (…) Morreu o Gato Preto e com ele as sinucas e bilhares, sustentados pelos sectários e notívagos de Macaíba.” (agosto de 2007)

A foto da postagem é de autoria desconhecida, mas apresenta a fachada do bar original.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima