Padre João Maria nasceu em 23 de junho de 1848, na fazenda Logradouro do Barro, zona rural de Caico, Rio Grande do Norte, onde desde cedo, acompanhou o drama das vítimas da estiagem que ainda hoje assola a região. Hoje a região pertence ao município de Jardim de Piranhas.
Seu pai Amaro Soares Cavalcanti de Brito era professor primário e lhe ensinou as primeiras letras. Sua mãe, Ana de Barros Cavalcanti, teve mais quatro filhos.
Cresceu em ambiente católico o que contribuiu para lhe despertar a vocação religiosa. Oriundo de família pobre, mas respeitada na vizinhança, contou com a ajuda financeira de fazendeiros amigos para custear seus estudos no Seminário de Olinda em 1861.
Ordenou-se aos 23 anos, rezando sua primeira missa no domingo dia 10 de agosto de 1871, em Caicó, onde ficou trabalhando como auxiliar do vigário.
Sacerdote, médico e assistente social. Sua fama já era conhecida de todos quando chegou a Natal, principalmente pelo trabalho que realizou em Papari, na época de grande seca de 1877 que matou mais de 400.000 sertanejos. O padre Improvisou palhoças para abrigar os flagelados, a quem dava de comer, ministrava medicação natural para os enfermos e cuidava das crianças. Tinha uma preocupação especial com a higiene destas pessoas, orientando sobre os modos de como prevenir as doenças. Seu prestígio levou o governo a enviar roupa, dinheiro e comida para suprir as necessidades de que ajudava. Contou com a ajuda de seu irmão mais novo Amaro Cavalcanti Soares de Brito, Influente jurista, para arrecadar fundos com o Gabinete Caxias para ajudar no socorro aos flagelados.
Abolicionista, em 1883 foi eleito presidente da Sociedade Libertadora Norte-Riograndense, objetivando a libertação dos escravos do Estado. Com essa finalidade, também publicou o Boletim da Libertadora Norte-riograndense, o que lhe rendeu o apelido de Pai dos Negros Forros. Criou em Natal a Escola São Vicente, para crianças pobres e fundou a imprensa católica, editando o jornal “Oito de Setembro”. Batizou, entre milhares de outros natalenses, o historiador Luís da Câmara Cascudo, no dia 9 de maio de 1901.
No dia 16 de outubro de 1905, acabou falecendo, vítima da mesma doença que tanto combateu, a varíola. Sua morte abalou a cidade e, desde então, é considerado como o Santo de Natal. Um busto, em sua homenagem, foi colocado na praça, que hoje recebe seu nome, localizada por trás da Catedral Antiga. O busto foi esculpido por Hostílo Dantas com pedestal em granito trabalhado por Miguel Micussi. Ainda hoje, fiéis costumam fazer promessas, se benzem com água benta e agradecem ao “santo” com pequeno objetos que fazem alusão às graças obtidas.
Com sua grande popularidade, por onde passava, Padre João Maria era carinhosamente chamado por apelidos como: “Benzinho do Seridó”, “O Santo”, “Pe. João de Deus”, “O Apóstolo da Caridade”, “O Anjo da Cidade”, “O Santo do Seridó”, “O Santo de Natal”, entre outros
Em 22 de fevereiro de 2002, foi aberto o processo de Beatificação do Padre João Maria. No momento esse processo encontra-se na fase diocesana em que realizada a investigação histórica.”
Fonte: CASCUDO, L. da C. História do Rio Grande do Norte, pág. 505, MEC/ Serviço de Documentação, Rio de Janeiro, 1995.