
Camomila, chá verde, erva-doce e hortelã estão entre os chás mais populares nas redes sociais por seus supostos efeitos anti-inflamatórios — e embora venham da natureza e tenham uso milenar, a ciência alerta: é preciso cautela. Estudos clínicos em humanos ainda são limitados, e nem toda planta é segura para infusão. A Anvisa, inclusive, regulamenta quais partes de espécies vegetais podem ser usadas em chás, como descrito na Instrução Normativa nº 159/2022.
A inflamação é uma resposta natural do sistema imune, podendo ser aguda (curta e localizada) ou crônica (persistente e de baixo grau). Esta última é agravada por má alimentação, estresse, sedentarismo, sono irregular, obesidade, resistência à insulina, tabagismo, álcool em excesso, e poluentes ambientais — e está relacionada a doenças como diabetes tipo 2, obesidade, doenças cardiovasculares e intestinais. Nesses casos, a alimentação tem papel crucial no combate à inflamação, com destaque para chás ricos em compostos bioativos, como polifenóis, catequinas e anetol, que atuam na modulação do sistema inflamatório e até na microbiota intestinal.
Entre os mais estudados estão: camomila, com ação calmante e leve efeito anti-inflamatório graças à apigenina e flavonoides; chá verde e preto, ricos em catequinas, que reduzem inflamações sistêmicas e ajudam na saúde cardiovascular; erva-doce, que alivia sintomas intestinais com ação antiespasmódica e anti-inflamatória; e hortelã, eficaz para cólicas e distensão abdominal. Um estudo de 2010, por exemplo, mostrou que três porções diárias de chá preto por 12 semanas reduziram significativamente a proteína C-reativa — um marcador de inflamação — em pacientes com risco cardíaco. No entanto, a nutricionista Patrícia Berilli reforça: nem todo chá é medicinal, e o uso correto, aliado a hábitos saudáveis, é o que realmente favorece a saúde.

