
Em 23 de julho de 2014, o Brasil se despedia de Ariano Suassuna, escritor, dramaturgo e pensador que dedicou sua vida à valorização da cultura popular nordestina. Onze anos após sua partida, sua obra continua pulsando nas salas de aula, nos palcos, nos livros e no coração de um país que ainda encontra em suas palavras um espelho de sua própria identidade. Autor de clássicos como Auto da Compadecida e O Santo e a Porca, Ariano soube como poucos unir o riso à reflexão, a crítica social à poesia do cotidiano.
Natural da Paraíba, mas radicado em Pernambuco, Suassuna foi um defensor incansável do que chamava de “brasilidade”. Criador do Movimento Armorial, ele acreditava na força estética da arte popular e buscava integrar elementos do sertão às expressões eruditas, propondo um modelo cultural genuinamente brasileiro. Em suas aulas-espetáculo, encantava plateias com histórias, causos e ensinamentos que iam além da literatura — tocavam o sentimento nacional e exaltavam o orgulho de ser nordestino.
Mais do que um artista, Ariano foi um pensador comprometido com o futuro do país. Rejeitava o consumo desenfreado da cultura estrangeira e alertava sobre a perda das raízes, sempre com humor e sabedoria. Para ele, a cultura popular era fonte de resistência, de beleza e de verdade. Seu trabalho transcendeu fronteiras regionais e ganhou espaço no cenário nacional e internacional, sem jamais abandonar o chão de onde veio.
Onze anos depois de sua morte, Ariano Suassuna continua vivo em cada encenação de suas obras, em cada leitura de seus livros e em cada jovem que se reconhece nas histórias do sertão. Seu legado é um farol para a arte brasileira, lembrando que nossas maiores riquezas estão naquilo que nos torna únicos. A saudade permanece, mas também a gratidão por tudo o que ele ensinou — com palavras, com arte e com alma.

