
A presença dos anjos na tradição cristã sempre ocupou um lugar de destaque na doutrina e na espiritualidade da Igreja. Reconhecidos como seres espirituais imortais, dotados de inteligência e vontade, eles aparecem em diferentes momentos da história da salvação como mensageiros e intérpretes das ordens divinas. Ao longo dos séculos, a reflexão sobre sua natureza deu origem a um campo de estudos próprio, a angelologia, abordada por Padres da Igreja e grandes teólogos, consolidando-se como parte essencial do Magistério eclesial.
Organizados em nove hierarquias, os anjos possuem funções específicas que os aproximam ainda mais de Deus e de sua obra. Desde os Serafins, símbolos do amor ardente, até os Querubins, representados com asas repletas de olhos, cada ordem expressa um aspecto particular da espiritualidade celestial. No entanto, a tradição também ressalta o mistério da liberdade concedida a esses espíritos: foi dessa condição que surgiu a queda de Lúcifer, exemplo de como o orgulho pode afastar até mesmo os mais belos da presença divina.
Entre todas as formas de devoção, destaca-se a crença no Anjo da Guarda, presença silenciosa que acompanha cada fiel desde o Batismo. Essa figura, vista como companheira de jornada e guia espiritual, ganhou força nas expressões populares e na liturgia da Igreja. Sua memória é celebrada em 2 de outubro, data instituída no século XVII e que, mais recentemente, inspirou também a criação da Festa dos Avós, reconhecendo neles um reflexo protetor semelhante ao cuidado dos anjos.

