
Jorge Amado nasceu em 10 de agosto de 1912, na cidade baiana de Itabuna. O escritor fez faculdade de Direito, no Rio de Janeiro, mas não exerceu a profissão de advogado. Durante alguns anos, viveu no exterior, por questões políticas. E fez sucesso mundial com seus romances.
O romancista faz parte da Geração de 1930 do modernismo brasileiro. Suas obras, portanto, valorizam a cultura regional e apresentam crítica sociopolítica. O romance Gabriela, cravo e canela é um dos livros mais famosos desse autor, que faleceu em 6 de agosto de 2001, em Salvador.
Seu pai era fazendeiro, produtor de cacau. Com um ano de idade, o escritor foi morar em Ilhéus. Mais tarde, estudou no colégio Antônio Vieira e no ginásio Ipiranga, na cidade de Salvador, onde trabalhou no Diário da Bahia.
No ano de 1923, seu professor, o padre Luiz Gonzaga Cabral (1866-1939), descobriu que o menino tinha talento como escritor, ao ler uma de suas redações. A partir daí, passou a estimular o pequeno Jorge a ler clássicos da literatura mundial. Dois anos depois, o rapaz fugiu do colégio interno e viajou até Sergipe, onde estava a casa de seu avô paterno.
Em 1931, publicou seu primeiro livro, o romance O país do carnaval. Era o início de uma carreira literária de grande sucesso. Dois anos depois, se casou com Matilde Garcia Rosa (1913-1986). Desse relacionamento, nasceu sua filha Lila. No Rio de Janeiro, em 1935, o autor se formou em Direito.
Era comunista e, por isso, foi preso e teve seus livros queimados em praça pública. Assim, fugindo da perseguição do Estado Novo, viveu na Argentina e no Uruguai durante os anos de 1941 e 1942, quando voltou ao Brasil e foi novamente preso. Solto, foi mantido sob vigilância.
Então, escreveu para a Folha da Manhã, de São Paulo, além de atuar como secretário do Instituto Cultural Brasil-União Soviética. Em 1943, voltou a publicar romances no Brasil, após seis anos de proibição de suas obras. Já em 1944, o casamento com Matilde chegou ao fim.
No ano seguinte, foi eleito deputado federal por São Paulo, como membro do Partido Comunista Brasileiro. Ainda no ano de 1945, ele se casou com a escritora Zélia Gattai (1916-2008). Como deputado, Jorge Amado criou a lei que protege a liberdade de culto religioso.
“Mas, com a volta à ilegalidade do PCB, em 1947, o escritor, a esposa e o filho foram viver na França. Assim, quando a primeira filha do autor faleceu, em 1949, ele não pôde comparecer ao enterro. No ano seguinte, foi expulso da França, por ser comunista. Era o início da Guerra Fria.
Então, se mudaram para Praga, onde nasceu sua segunda filha. Voltaram ao Brasil em 1952 para viver no Rio de Janeiro. Nos Estados Unidos, durante o macarthismo, a entrada do autor e de suas obras foi proibida naquele país. Em 1955, o romancista decidiu se afastar da política e se dedicar apenas à literatura.
Com a venda dos direitos, para o cinema, do romance Gabriela, cravo e canela, em 1961, o escritor mandou construir sua casa em Salvador, onde residiu de 1963 até a sua morte, em 6 de agosto de 2001. Era o fim de uma vida marcada pela atuação política e pelo sucesso mundial como romancista.
Jorge Amado foi o quinto ocupante da cadeira 23 da Academia Brasileira de Letras, cujo patrono é o escritor José de Alencar (1829-1877). Eleito em 6 de abril de 1961, o autor tomou posse em 17 de julho do mesmo ano.
Principais características da obra de Jorge Amado:
O escritor Jorge Amado faz parte da Geração de 1930 do modernismo brasileiro. As obras de autores dessa geração apresentam as seguintes características:
Neorregionalismo: elementos da cultura regional; no caso de Jorge Amado, da cultura baiana.
Ausência de idealizações: ao contrário do regionalismo romântico, as obras da Geração de 30 não apresentam caráter idealizador.
Neorrealismo: as narrativas são realistas, mas, ao contrário do realismo do século XIX, apresentam parcialidade por parte do narrador.
Crítica sociopolítica: a obra mostra os problemas sociais e a negligência das autoridades políticas.
Determinismo: o destino de alguns personagens é determinado pelo meio em que vivem, mas, ao contrário do determinismo naturalista, no modernismo, o narrador vê solução para o problema, caso haja uma transformação do meio.
Valorização do espaço: o meio se torna imprescindível para a construção do personagem.
Linguagem objetiva: o texto é claro e direto, visando ao entendimento imediato do(a) leitor(a).
Narrativa envolvente: por possuir uma intenção política, o narrador busca envolver os leitores no enredo, para que eles não abandonem a leitura.
Obras de Jorge Amado:
O país do carnaval (1931) — romance.
Cacau (1933) — romance.
Suor (1934) — romance.
Jubiabá (1935) — romance.
Mar morto (1936) — romance.
Capitães da areia (1937) — romance.
A estrada do mar (1938) — poesia.
ABC de Castro Alves (1941) — biografia.
O Cavaleiro da Esperança (1942) — biografia.
Terras do sem fim (1943) — romance.
São Jorge dos Ilhéus (1944) — romance.
Bahia de Todos os Santos (1945) — guia.
Seara vermelha (1946) — romance.
O amor do soldado (1947) — peça de teatro.
O mundo da paz (1951) — relato de viagem.
Os subterrâneos da liberdade (1954) — romance.
Gabriela, cravo e canela (1958) — romance.
A morte e a morte de Quincas Berro d’Água (1961) — romance.
Os velhos marinheiros ou O capitão de longo curso (1961) — romance.
Os pastores da noite (1964) — romance.
Dona Flor e seus dois maridos (1966) — romance.
Tenda dos milagres (1969) — romance.
Teresa Batista cansada de guerra (1972) — romance.
O gato Malhado e a andorinha Sinhá (1976) — infantojuvenil.
Tieta do Agreste (1977) — romance.
Farda, fardão, camisola de dormir (1979) — romance.
Do recente milagre dos pássaros (1979) — contos.
O menino grapiúna (1982) — memórias.
A bola e o goleiro (1984) — infantil.
Tocaia grande (1984) — romance.
O sumiço da santa (1988) — romance.
Navegação de cabotagem (1992) — memórias.
A descoberta da América pelos turcos (1994) — romance.
O milagre dos pássaros (1997) — fábula.
Hora da guerra (2008) — crônicas.
Por Warley Souza
Professor de Literatura
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