maio 2021

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Não eram só tijolo e cimento…

Caicó: Casarão demolido foi construído no início do século XX pelo Coronel Celso Dantas

Procurei nos obituáros e não encontrei nenhuma homenagem do prefeito, vereadores, militantes e arquitetos! Não mandaram nem coroa de flores!

Procurei nas páginas policiais e não vi nenhuma menção à lamentável execução que houve no Centro de Caicó em plena luz do dia!

Um símbolo da cidade foi ao chão, humilhado, como se o tempo e sua história fossem metralha.

Para usar uma frase feita, “num país sério”, essa demolição seria impedida a mando de baioneta!

Um casario colorido não é apenas cenário para selfie! Faz parte da identidade de quem viveu ali, da memória que precisa ser preservada para contar aos próximos as páginas feias e bonitas vividas.

Nem sei quem ordenou a matança, mas já o condeno ao purgatório dos ingratos e injustos! Ao mesmo inferno que será povoado pelos que flagelam nossa Amazônia. A metáfora pode ser rasa, mas os efeitos são os mesmos.

O signatário da Escritura tem cúmplice. Deveria ter sido tutelado por quem é eleito.

Claro que o antigo precisa abrir alas para o moderno. Mas este mesmo senso mostra fotografias de soluções arquitetônicas inteligentes que fazem o passado conviver com o arrogante presente, com harmonia, não tolerância (palavra feia!), obrigação, mas por reverência, reconhecimento.

Vizinhos ao casarão morto, contemporâneos seus resistem pela inteligência de seus tutores. Testemunhas da crueldade, devem chorar.

A única nota positiva desta página é que jovens lamentam.

Até quando nossa identidade estará impregnada nas ruas da cidade? A ordem de despejo está à porta!

Façam foto! Pela lógica vigente, em pouco tempo, o próximo passo seria marretar a Matriz de Sant’Ana, a Casa de Pedra! Mesmo componentes de um sítio a ser “preservado”.

Que feio, Prefeitura de Caicó!

O poder de polícia é seu e as manchas do sangue de cada tijolo derrubado ali estão nas mãos de quem finge não ter nada a ver com esse crime.

Para conhecer um pouco sobre a História do casarão:

https://www.juliachavesarq.com/post/o-casar%C3%A3o-ecl%C3%A9tico-demolido

Macaíba

Elino sempre será atual

Esses dias li que bípedes bagunçaram geral um dos depósitos de lixo instalados recentemente pela Prefeitura de Macaíba no Centro da cidade. Teve gente que colocou a culpa em quadrúpedes.

Aí me vieram versos clássicos do mestre Elino Julião:

“Veja, pessoal, que mau elemento! Não sei se o animal é ele ou o jumento…”

Agora em maio faz 15 anos que Elino se tornou saudade.

Macaíba

Os rumos de Macaíba…

O polivalente amigo Marcelo Augusto, colunista compulsório desta Revista, merece um abraço de todos nós por fazer de sua profissão de fé o resgate da memória do chão e do povo de Macaíba.

Reproduzimos mais um texto seu:

“Vejam algumas ruas do centro da cidade, naquela Macaíba de 1971.

Olhem quanto verde ainda dispunha, muitos terrenos, pequenos sítios rodeavam a cidade que iniciava seu crescimento demográfico.

Caminhei e caminho sempre por esses espaços. Não sei até quando, mas ainda estou por aqui.

Quando vejo esses retratos, sinto uma magia dentro de cada lugar, de cada rua e de cada beco.

Já mudou quase tudo, e mudará ainda mais.”

Foto: Acervo PMM (domínio público)

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