Polícia portuguesa investiga homem que ofereceu recompensa pela morte de brasileiros

As autoridades de Portugal abriram investigação contra João Oliveira, morador de Aveiro, acusado de publicar nas redes sociais um vídeo em que oferece 500 euros, cerca de R$ 3.100, a quem lhe entregar “a cabeça de um brasileiro”. Nas imagens, que circularam rapidamente, ele insulta imigrantes brasileiros chamando-os de “zukas” e “raça maldita”, além de afirmar que a “oferta” valeria tanto para quem vive legalmente no país quanto para os que estão em situação irregular.

A gravação gerou forte reação da comunidade brasileira residente em Portugal. Sônia Gomes, que preside a Associação de Apoio a Emigrantes, Imigrantes e Famílias, classificou o caso como um exemplo inaceitável de xenofobia e disse já ter encaminhado denúncia às autoridades. Para Ana Paula Costa, presidente da Casa do Brasil de Lisboa, o conteúdo representa “a face mais cruel do discurso anti-imigração” e reforça a necessidade de medidas firmes contra manifestações de ódio.

A Polícia de Segurança Pública informou que, ao tomar conhecimento do vídeo, acionou o Núcleo de Cibercriminalidade, que identificou o autor das ameaças. O inquérito foi remetido ao Ministério Público, já que o crime é de ação pública. De acordo com o artigo 240 do Código Penal português, práticas de incitação à violência e discriminação podem resultar em penas de seis meses a cinco anos de prisão. Após a repercussão, Oliveira foi demitido da padaria onde trabalhava, cujo proprietário emitiu nota reforçando que o estabelecimento não tolera atitudes racistas e conta com funcionários de várias nacionalidades.

O episódio acontece em meio ao crescimento dos crimes de ódio em Portugal, que subiram 200% entre 2019 e 2024, segundo relatório do Conselho da Europa. O país abriga hoje 1,6 milhão de estrangeiros, sendo mais de meio milhão de brasileiros. No mesmo período, o Parlamento aprovou um pacote de medidas mais rígidas sobre imigração, que inclui o aumento do tempo mínimo de residência para solicitação da cidadania. Caso seja sancionada, a regra ampliará de cinco para sete anos o prazo exigido a cidadãos de países de língua portuguesa, como o Brasil.

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