13 de abril de 2024

Música

Um encontro musical e mais que especial

Evinha e Eliete Regina fotografadas pelo repórter Gato Preto

Na semana em que o Belch Bar cerrou suas portas e o Forró com Turista findou sua história de décadas no Centro de Turismo, ultimando mais dois espaços culturais de Natal, um acalento para os que gostam da boa música e respeitam a trajetória dos que vivem por ela.

Na terça-feira, dia 10, o Projeto Seis e Meia promoveu em Natal um show especial. Talvez, a derradeira apresentação, juntos, dos Golden Boys e Trio Esperança. Irmãos na vida e na música.

Repertório impecável, banda perfeita, arranjos fiéis à memória de quem viveu os tempos áureos de sucesso de todas aquelas páginas musicais.

O Projeto dedicou o show a Eliete Regina, que talvez os mais jovens nem conheçam. Radialista por décadas, fez parte do casting da Globo, dubladora da lendária produtora Hebert Richers; produtora cultural e proprietária do Violão de Ouro, bar e casa de shows que nos anos 80 recebeu centenas de artistas populares, como Núbia Lafayette e Nelson Gonçalves.

No camarim do Teatro Riachuelo, a Revista Coité acompanhou o encontro de Eliete com Evinha (foto), da formação original do Trio Esperança.

Radicada há alguns anos na Europa, Evinha é das melhores e há muito não visitava Natal. Poucas cantoras brasileiras se arvoram a cantar seu repertório com a devida qualidade e dignidade.

Em 1968 a cantora deixou o Trio Esperança e gravou Cantiga Por Luciana, alcançando um sucesso gigante, vencendo o 4º Festival Internacional da Canção. Por isso, é mais que provável que alguma “Luciana” conhecida pelo caro leitor, nascida nos anos 70, tenha seu nome por inspiração de Evinha.

Aos que não a conhecem, o Gato Preto prescreve o Google. Verão que o mundo a respeita!

Todos os aplausos para a cultura Brasileira!

Empreendedorismo

Raspa-raspa de Macaíba

Perguntei a cinco crianças e três jovens se conheciam a macaíba. À exceção do mais velho, nenhum já tinha ouvido falar na frutinha, que foi uma das grandes frustrações de minha infância. Menina de gostar de brincar na rua – naquele tempo isso ainda era possível – via a molecada passar comendo o “coquinho” com a maior avidez. Um dia, fui até a palmeira que sobrevivia em uma das esquinas da Rua Evaristo da Veiga, onde passei a infância, e comi na maior avidez do mundo. Mas o fruto com a polpa amarelo forte, me pareceu um purgante. Amargava que só fel. Tinha até quem o chamasse de “bombom de boi”. Hoje as macaibeiras estão sumindo do mapa. A gente quase não mais as vê.

Para minha surpresa, encontro anos depois, em plena praia de Boa Viagem, o ambulante João Benedito dos Santos, vendedor de raspa-raspa há quinze. Há três, descobriu que o raspa-raspa de macaíba é muito solicitado pelos banhistas. E passou a vendê-lo na areia. Hoje, o da fruta nativa é o carro-chefe de João. “Trago três litros e vendo tudo, mas antes é preciso bater no liquidificador com leite”, conta ele. “Aliás, só macaíba e coco exigem leite. Os outros só pedem mesmo a raspa de gelo”, conta. Ele vende raspa-raspa de manga, tamarino, morango, menta, uva, chiclete… mas diz que o de macaíba é o mais pedido pelos seus clientes.

Benedito afirma que o lambedor do fruto é um sucesso no combate à tosse e às secreções pulmonares. “A macaíba é boa para combater a tuberculose, dor nos ossos, catarro, reumatismo”, diz ele. “Mas eu só vendo mesmo o raspa-raspa”. Procurei informações no livro “Farmácias Vivas” (do Professor Abreu Matos), uma das bíblias sobre plantas medicinais em minha estante. Nada sobre a fruta. No Google há poucas informações, mas algumas se referem aos seus efeitos expectorante e nutricional. Nas minhas caminhadas matinais, encontro, vez por outra, macaibeiras. Elas são nativas do Brasil e ainda sobrevivem em alguns trechos que margeiam o Rio Capibaribe. Muitas pessoas, no entanto, acreditam tratar-se de uma palmeira comum. Viva Benedito, que resgatou a presença da fruta entre nós. “Compro na cidade, e preparo o suco com leite em casa. O povo gosta muito, e é forte”.

Fonte: OxeRecife

Rolar para cima